domingo, 22 de julho de 2007

Pauliteiras são nova tradição

Foram quatro, os grupos pauliteiras que se juntaram no Iº Encontro Nacional de Grupos de Pauliteiras. A iniciativa organizada pela Junta de Freguesia decorreu sábado, na aldeia de São Martinho do Peso, concelho de Mogadouro integrada na feira de São Martinho. A tradição das danças dos paus é o expoente máximo do folclore do planalto mirandês, onde as mulheres só viriam a ter lugar no início da década de 80 com o surgimento do primeiro grupo em Bemposta, Mogadouro. Esta formação acabaria por se desfazer seis após o seu início.“ Na altura em que o nosso grupo começou em Bemposta não havia muitos homens para manter a tradição dos pauliteiros e por esse motivo foi preciso recorrer as mulheres, o nosso ensaiador ainda trabalhou connosco meia dúzia de anos, mas após o seu falecimento o grupo acabou, no entanto ainda demos a conhecer a danças dos pauliteiros no feminino em vários pontos de Trás os Montes.


Fomos nós quem quebrou a tradição masculina,” disse Amélia Folgado, uma das primeira pauliteiras do planalto mirandês O grupo de Pauliteiras de Valcerto deu um novo impulso á danças dos paus no feminino, agora são cerca de meia centenas de raparigas em todo o planalto mirandês com idades entre os quatro e 30 anos idade que com a sua leveza e graciosidade fazem “corar” os homens de barba rija que se dedicam á dança dos paus. A origem desta dança perde-se no tempos sendo atribuída aos celtas com sendo um dança guerreira.Flávia Felgueiras, um dos elementos do grupo de pauliteiras de Valcerto, diz que “o importante não bater com forças do paus mas sim fazer um bom jogo de pés e movimentos elegantes, situação que não típica nos homens, eles gostam de apenas de bater com força.


”Mário Correia, director do Centro de Musica Tradicional “Sons da Terra”, diz mesmo que “a dança dos paus no feminino é uma moda, o que se esta a passar dentro desta matéria pode mesmo a tornar-se tradição a mulheres dançarem as danças dos paus, já que a modas podem transformar-se em tradição caso se consigam passar de geração em geração, agora só o futuro o dirá se as futuras gerações de raparigas vão tornar esta moda numa tradição.”Agora Miranda do Douro, é outra das localidades onde existe um grupo de Pauliteiras.

Fonte: RBA
Data: 2006-11-13

Pauliteiras abrem I Noite Celta

É com originalidade que Mogadouro apresenta a I Noite Celta a realizar naquela vila. As honras de abertura da iniciativa, agendada para as 21h30 da próxima terça-feira, no largo do Castelo, cabem a um grupo de pauliteiras. São as raparigas da aldeia de Valcerto, que ousaram e, “numa clara intromissão em terrenos que sempre pertenceram aos homens e rapazes”, criaram um grupo de pauliteiras. Diz-se que quando as raparigas romperam com a tradição, “a coisa deu brado lá na terra”, mas, com o gosto por aquele tipo de dança e a vontade de manterem as tradições, as Pauliteiras de Valcerto depressa conseguiram ultrapassar preconceitos e marcar presença em iniciativas do género.
Mas a moda das pauliteiras não é nova e parece ter pegado e, na mesma noite, actuam também as Pauliteiras dos Bombeiros Voluntários de Mogadouro.
Os Lenga-Lenga, gaiteiros de Sendim, no concelho de Miranda do Douro, vão mostrar uma vez mais a “rica tradição gaiteira” do Nordeste Transmontano e a “força expressiva” da música característica das Terras de Miranda.
De Castela e Leão (Espanha) chega o grupo Balbarda, um exemplo de “renovação da frente jovem da expressão folk”, que surpreende com a sua música, a qual resulta da “fusão de instrumentos antigos no tempo, como a gaita e a sanfona, com as últimas tecnologias”.
Os sons de Espanha prometem continuar a animar a noite com a actuação do asturiano Xuacu Amieva, uma verdadeira referência “fundamental e de todo incontornável em termos de conhecimento e de estudo da música tradicional asturiana”. Xuacu Amieva foi já merecedor de vários prémios e amplamente reconhecido como “multinstrumentista e professor de gaita”.
Esta I Noite Celta é organizada pela Comissão de Festas de Nossa Senhora do Caminho, Câmara Municipal, Delegação Regional de Cultura do Norte e Região de Turismo do Nordeste Transmontano e conta com a programação do Centro de Música Tradicional Sons da Terra.

Fonte: Seminário Transmontano
Data de Publicação: 04/08/2005

Tradições quebradas pelas pauliteiras de Valcerto, em Mogadouro

O Planalto Mirandês está a assistir a algumas evoluções na tradição. Na vila de Mogadouro, por exemplo, a I Noite Celta, marcada para hoje, vai ter a abrir dois grupos de pauliteiras: as de Valcerto e as dos Bombeiros Voluntários de Mogadouro. A honra de abertura está guardada para as raparigas da aldeia de Valcerto.

Flávia Felgueiras, de 25 anos, uma das fundadoras, explica que a ideia já surgiu há alguns anos. Um dia juntaram 8 raparigas e no dia 10 de Agosto de 2003 actuaram pela primeira. Como seria de esperar, muitos consideram que se quebrou uma tradição ancestral. No entanto, as raparigas de Valcerto rapidamente conquistaram as pessoas com as actuações e as opiniões alteraram-se. Isabel Sardinha, outras das pauliteiras de Valcerto, reforça a ideia de que o principal objectivo do grupo nunca foi quebrar a tradição, mas pelo contrário mantê-la. Logo à noite pelas 21h30, na I Noite Celta, em Mogadouro, o palco é das pauliteiras.
Escrito por Brigantia
Terça, 09 Agosto 2005

Pauliteiras de Valcerto em Vila Real


A origem da dança dos pauliteiros não é consensual. O Padre João Morais Pessanha e outros autores atribuem a sua origem à clássica dança pírrica, guerreira por excelência. Para outros, tem vestígios de danças populares do sul de França e ainda apresenta semelhanças com a dança das espadas dos Suíços na idade média. Os romanos seriam os responsáveis pela propagação da dança pírrica a esta região.

Texto publicado em: A Voz de Trás-Os-Montes

O Dr. José Leite de Vasconcelos não aceita esta teoria justificando que a dança introduzida em Roma e depois espalhada pelo império nada tinha em comum com a dança pírrica. Na dança pírrica, os dançantes, com armas e escudos de pau, simulavam o ataque e a defesa na batalha, usavam túnicas vermelhas, cinturões guarnecidos de aço e os capacetes dos músicos eram emplumados. Os bailadores colocavam-se em duas filas e dançavam ao som de flauta.

O Abade de Baçal vê muitas semelhanças entre esta dança e a dança dos pauliteiros, nomeadamente na substituição das túnicas pelas saias, o escudo pelo lenço sobre os ombros, os chapéus enfeitados e a utilização da flauta pastoril. A própria evolução da dança, parece ter muitas semelhanças, com várias partes, perseguição, luta, saltos e a dança da vitória. Algumas das mais famosas danças retractam bem essas semelhanças como seja o Salto do Castelo (saltos) e o vinte cinco de roda (dança da vitória).

Mais recentemente, o Padre Mourinho concluiu que se trata de uma dança comum à Península Ibérica; que há nela tradições militares dos povos autóctones, dos greco-romanos, medievais e outras. Embora possa ter existido anteriormente terá vindo com o repovoadores do reino de Leão.

Se na origem desta dança não há unanimidade, há-a, sem dúvida, na origem do grupo de Pauliteiras de Valcerto, terra onde já há muito tempo há pauliteiros. A ideia de formar um grupo feminino já fervilhava na mente de várias moças da aldeia há algum tempo. No dia 1 de Agosto de 2002 a Flávia Felgueiras e a sua colega Isabel Sardinha resolveram, depois de várias conversas sobre o assunto, pôr mãos à obra e formar com outras amigas da aldeia um grupo só de raparigas. Foi com grande entusiasmo que quebraram a tradição de esta dança ser só para homens.

No dia 2 tiveram o primeiro ensaio, sob a orientação dos Senhores António José Sardinha e Silvestre Martins que, muito amavelmente, se disponibilizaram a gastar parte do seu tempo e do seu saber para o colocar ao serviço destas jovens que tinham em comum o interesse pela dança, tão típica e característica do planalto mirandês. No dia 10 de Agosto tiveram a primeira actuação pública, mostrando tudo quanto tinham aprendido em apenas oito dias. Sendo o primeiro grupo de pauliteiras da aldeia e o único na região, não admira que a curiosidade das pessoas que assistiram a esta primeira actuação fosse grande. As críticas a que tinham estado sujeitas até então, pressagiavam que isso acontecesse. No entanto saíram-se muito bem.

Neste momento confessam-se orgulhosas em poder contribuir para a divulgação e preservação da cultura de Mogadouro. Sem dúvida que o fazem da melhor maneira, irradiando alegria e mostrando que a dança dos pauliteiros não é só para homens.

As solicitações que têm para actuar em diversas ocasiões é bem demonstrativa da aceitação que o grupo tem, o que demonstra que a aposta de formar o grupo foi plenamente ganha.

Para o êxito cada vez maior que têm tido, tem sido fundamental o apoio das pessoas de Valcerto e do Município de Mogadouro. Os municípios têm um papel muito importante na preservação e divulgação da cultura e dos costumes dos seus naturais. Com o apoio a este grupo a Câmara Municipal de Mogadouro mostra grande sensibilidade para essa preservação e divulgação. É com o seu apoio que o Grupo de Pauliteiras de Valcerto, de que aqui falo, virá no próximo dia 15 de Setembro actuar no jantar de gala do 7º Congresso Interamericano de Computação Aplicada à Indústria de Processos (CAIP 2005) a realizar no Hotel Miracorgo. Muito agradeço, enquanto responsável pela organização do congresso, ao grupo na pessoa da Flávia Felgueiras e ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Mogadouro, Dr. Morais Machado.

Manuel Cordeiro
Professor da UTAD
Texto publicado em: A Voz de Trás-Os-Montes

Pauliteiras já dominam o palco


Este Grupo de Pauliteiras de Valcerto está a dar um novo impulso à secular dança do pau transmontana
FOTO JORNAL NORDESTE
Gerações sobre gerações, os grupos de pauliteiros transmontanos eram rigorosamente interditos às mulheres. Nesse tempo, quanto mais forte batiam com os paus, mais altos e enérgicos eram os saltos e mais depressa cada grupo marcava o seu espaço, um exclusivo incontestado de homens em palco.
A emigração, porém, mudou tudo e no início da década de 80 apareceu um grupo de desafiadoras da tradição, como nos conta Amélia Folgado, uma das primeiras pauliteiras do Planalto Mirandês: “Na altura em que o nosso grupo começou, em Bemposta, não havia muitos homens para manter a tradição dos pauliteiros, pelo que foi preciso recorrer às mulheres”, recordou Amélia, acrescentando que o ensaiador ainda trabalhou com elas meia dúzia de anos, até o seu falecimento provocar a dissolução do grupo.
Mesmo assim, ainda divulgaram as danças dos pauliteiros, no feminino, em vários pontos de Trás-os-Montes, ajudando a romper com a tradição. Até que subiu ao palco o grupo de pauliteiras de Valcerto, esse sim, para se manter em cena até hoje e dar um novo impulso à dança.
Actualmente, as mulheres já dominam este palco, outrora tão machista, havendo mais de meia centena no activo, em todo o Planalto Mirandês, com idades entre os 4 e os 30 anos.
Com a sua leveza e graciosidade, fazem corar os homens de barba rija ainda dedicados à arte. E muitas delas, integrando quatro grupos de diferentes terras, subiram no último sábado ao palco de São Martinho do Peso (concelho de Mogadouro), para o I Encontro Nacional de Grupos de Pauliteiras. A iniciativa foi da Junta de Freguesia e integrou-se no programa da Feira de São Marinho. A fechar o Encontro, as jovens conseguiram dançar, em conjunto, as ‘Campanitas de Toledo’, um dos ‘lhaços’ mais conhecidos da dança dos paus nas Terras de Miranda. Viu-se, então, como a estética deste expoente máximo do folclore mirandês mudou. Flávia Felgueiras, do grupo de Valcerto, diz mesmo que “o importante não é bater com força nos paus, mas fazer um bom jogo de pés e movimentos elegantes”. E os homens “apenas gostam de bater com força”, refere.

Francisco Pinto, Jornal Nordeste

Entrevista a Bruna Marcos

No âmbito da disciplina, Área de Projecto, no tema Pauliteiras de Valcerto, o 12.ºC apresenta uma entrevista a Bruna Marcos, “guia esquerda” que frequenta este grupo cultural e a nossa escola.

Entrevista de Maria Pintado (MP) a Bruna Marcos (BM).

MP: Há quantos anos existem as Pauliteiras de Valcerto?
BM: As Pauliteiras nasceram exactamente no dia 2 de Agosto de 2003.

MP: Como surgiu a ideia de fazer um grupo de Pauliteiras?
BM: Desde sempre existiu um grupo de Pauliteiros, no entanto o interesse estava a desvanecer--se e então surgimos nós com o objectivo de divulgar a rica tradição de dançares das nossas terras.

MP:O que é um “peão” e um “guia”? E tu o que és?
BM: Um grupo de Pauliteiros/as é composto por quatro peões, ou seja são os elementos que se deixam guiar pelas quatro guias. As guias são os membros que se encontram nas extremidades das filas. Eu sou “guia” esquerda.

MP: O vosso traje é típico? Podes explicar-nos o vestuário?
BM: Na minha opinião não se pode dizer que o traje é típico, pela simples razão que as Pauliteiras não são tradição. No entanto quando criámos os nossos actuais trajes tivemos o cuidado de nos basear nos típicos Pauliteiros.

MP: Porquê o termo de dança “pírrica”?
BM: A origem da dança dos Pauliteiros não é consensual. Alguns autores atribuem a sua origem à clássica dança pírrica, guerreira por excelência. Na dança pírrica, os dançantes, com armas antigas e escudos de pau, simulavam o ataque e a defesa da batalha.

MP: Desta vossa experiência o que nos tens a dizer?
BM: Somos alguém que acredita que a tradição é fundamental na formação do carácter e, como tal, não pode ser esquecida. Alguém para quem “dançar” é partilhar conhecimentos. É o despertar de curiosidades... É a transmissão de valores humanos e jamais serão esquecidos.

MP: Apenas existe em Valcerto o vosso grupo de Pauliteiras?
BM: Neste momento somos o único grupo que se encontra no activo na nossa aldeia. Existe um grupo de Pauliteiros, no entanto, só reúnem no dia da festa da nossa pequena aldeia.

Fonte: Homepage da Escola Secundária de Mogadouro